segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

- Nosso amor acabou - ela sussurra.
     - Você sabe, não é verdade.
     - É.
     - ... Bem, não pode ser assim, sem mais nem menos.
     Um silêncio paira sobre eles.
     - E então?
     - Você ama outra.
     - É mentira.
     - Como vou saber?
     - Eu é que pergunto. Como vai saber?
     - São seus gestos. Você não me olha como antes. Não me abraça quando eu preciso. Nunca mais se atreveu a me levar em qualquer outro lugar contigo.
     - Não é bem assim. Você conhece o nosso amor. Não exagere, e não minta. Não existe mais ninguém além de você.
     Ela olha no fundo dos olhos dele.
     - ... Não, você não me ama. Não como antes.
     Ele a beija.
     - E agora? 
     - ... Ainda não.
     - É você quem gosta de outro, não é?
     Ela pensa.
     - Sim.
     - Posso saber quem é?
     - Você sabe.
     - Algum de seus amigos?
     - Bem... Ele já foi o meu melhor amigo, foi o único que me entendeu no momento mais difícil da minha vida.
     - Foi antes de mim?
     - ... É, foi.
     - Você não me ama mais?
     - Não.
     - Ele vive por aqui?
     - Na verdade, sumiu. Foi consumido pelos negócios, acho.
     - Você sempre o amou?
     - Mais do que qualquer coisa.
     - E por que esteve comigo todo esse tempo? - disse dando ênfase de que se tratava dele.
     Um silêncio terrivelmente longo toma conta do lugar. E depois de mais uns minutos de hesitação:
     - Porque esse cara... - ela hesita - Esse cara era você.
     - Mas...
     - Mas aquele cara que eu conheci - ela o interrompe -, já não existe mais.

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